Françoise, Pierre, Xavière. À primeira vista poderia apenas tratar-se da história de um triângulo amoroso. Uma nova versão, talvez mais dura e dramática, dessa situação tantas vezes explorada pela ficção de todos os países e de todos os géneros. E contudo não é disso que essencialmente se trata, e o leitor que o imaginasse cedo se aperceberia do seu erro.
A Convidada é o primeiro dos romances de Simone de Beauvoir e nunca foi editado em Portugal. Publicado em 1943, pouco depois de concluída a redação daquela que ficará sendo considerada a grande obra filosófica de Jean-Paul Sartre, O Ser e o Nada, o presente romance procura de certa forma encenar o tema central de uma das secções desse livro, versando a questão das «relações com os outros», o que aliás é atestado pela epígrafe escolhida por Simone de Beauvoir para abertura das páginas que vão ler-se.
O que é absolutamente fascinante neste romance é a descrição de uma tentativa de vida a três, «bem equilibrada e na qual ninguém seria sacrificado», por um autora que se sente simpatizante desse tipo de experiência, e da condução dessa tentativa até à evidência da sua impossibilidade, drástica e dolorosamente assumida por Françoise no final do livro.
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